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Novos critérios para diagnóstico de obesidade: IMC ganha abordagem holística em 2025

Essa matéria conta com a colaboração da médica Dr. Luís Henrique de Sá Nunes

Especialistas propõem critérios mais abrangentes para diagnóstico de obesidade, incluindo distribuição de gordura e medidas corporais

No início de 2025, uma comissão internacional de especialistas recomendou a adoção de novos critérios para os diagnósticos de obesidade. O artigo propõe que o Índice de Massa Corporal (IMC) seja utilizado como parâmetro desde que associado a outras variáveis para formalizar o que os especialistas da área já vêm adotando como critério em suas avaliações.

De acordo com o **Dr. Luis Henrique de Sá Nunes, médico no Núcleo GA, a principal motivação para essa revisão de critérios foi a crescente compreensão de que o IMC isoladamente não reflete adequadamente os riscos à saúde associados ao excesso de gordura corporal, onde pacientes com IMC considerado normal podem apresentar acúmulo de gordura visceral, o que aumenta o risco de doenças metabólicas.

“São essas discrepâncias que evidenciam a necessidade de critérios mais abrangentes que considerem a distribuição e a quantidade de gordura corporal. A utilização do IMC como parâmetro único não reflete o que é encontrado nos consultórios”, explica Nunes.

Os novos critérios passam a considerar uma abordagem mais holística para o diagnóstico da obesidade. Antes, um IMC superior a 25 indicava sobrepeso, enquanto a obesidade era definida a partir de índices superiores a 30. Agora, um IMC superior a 25 acompanhado de excesso de gordura (sendo 25% para homens e 30% para mulheres) já são indicativos da condição.
A avaliação da distribuição da gordura corporal, com a incorporação de medidas como circunferência da cintura, relação cintura-quadril e relação cintura-altura, que está fortemente associado a riscos cardiovasculares, também passa a fazer parte do diagnóstico.

Com a mudança, a obesidade passa a ser classificada em duas categorias:

Obesidade clínica: Presença de sinais ou sintomas que indicam comprometimento de órgãos ou da rotina devido ao excesso de gordura, como hipertensão, diabetes tipo 2, apneia do sono, dificuldade para se vestir ou calçar um sapato, entre outros.

Obesidade pré-clínica: Indivíduos com excesso de gordura corporal, mas sem manifestações clínicas aparentes, embora com risco aumentado para desenvolver complicações futuras.
“A adoção desses novos critérios possibilita intervenções mais precoces e personalizadas. No tratamento, a abordagem se torna mais direcionada, focando não apenas na redução de peso, mas também na melhoria da composição corporal e na redução de fatores de risco associados. Estratégias podem incluir mudanças no estilo de vida, terapias comportamentais, intervenções nutricionais e, em casos específicos, tratamentos farmacológicos ou cirúrgicos”, acrescenta Nunes sobre como essa mudança impactará os consultórios.

“Para a saúde pública, esses novos critérios representam um avanço significativo. Ao identificar precocemente indivíduos em risco, é possível implementar programas de prevenção mais eficazes, reduzindo a incidência de doenças relacionadas à obesidade, como diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Além disso, políticas públicas podem ser adaptadas para promover ambientes que incentivem hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física, contribuindo para a redução da prevalência da obesidade e suas complicações no país”, conclui Nunes.

**Dr. Luis Henrique de Sá Nunes
CRM- BA 22602 | CRM - PE 25358 RQE 4158 - Médico urologista e andrologista com atuação em nutrologia e medicina do esporte